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Instinto paterno
Março, 2008
Teresa Paula Marques - Psicóloga Clínica
www.teresapaulamarques.com

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  Acabou de ser pai pela primeira vez e está assustado com a responsabilidade de ter um filho? Relaxe. O instinto paterno também existe!

  Há algumas décadas, o papel do pai resumia-se ao de alguém que apenas trazia dinheiro para casa. Todas as tarefas de cuidar das crianças ficavam a cargo das mães. Progressivamente assistiu-se a uma mudança de mentalidades e também de hábitos. Hoje, raras são as mulheres que não trabalham fora de casa, sendo que a divisão de tarefas se foi impondo.

  Apesar do tão falado "instinto materno", o certo é que muitos homens revelam capacidades superiores a algumas mulheres, no que respeita a cuidar dos filhos. Ser mãe é muito mais do que poder gerar um filho e alimentá-lo.

  Na falta de uma mãe que se assuma como tal, o homem é perfeitamente capaz de desempenhar esse papel, no sentido global, desde que desenvolva competências nesse sentido.

  Também a ideia inicial que o homem não seria capaz de decifrar a linguagem do bebé, tem sido sistematicamente colocada de lado através de estudos reveladores. O pai depressa aprende a mudar fraldas e a embalar o seu filho, desde que se torne necessário assegurar-lhe a sobrevivência.

  Em situações ditas normais, o homem desempenha também um papel importante como apoio quer da mulher, quer da própria criança desde os primeiros momentos.

A gravidez

Um filho é um projecto que deve ser vivido a dois, logo desde o momento em que se sabe o resultado do teste. Um jantar romântico é o cenário ideal para celebrar a vida. Às vezes os homens não correspondem às expectativas das mulheres, o que as faz debulharem-se em lágrimas. Mas é preciso ter calma.

  É que, se para uma mulher, a gravidez é vivida de dentro para fora, o mesmo não acontece com os homens. As sensações de ser pai são completamente diferentes das de ser mãe. A mulher sente as modificações ao nível do corpo, sofre com os enjoos e alegra-se com os pontapés que o bebé lhe dá. O homem não sente nada disto, portanto o mais provável é que só se envolva numa fase mais avançada da gravidez.

  Por este motivo, é importante que a mulher lhe diga para irem os dois às consultas e, sobretudo, no momento das ecografias. A primeira ecografia é descrita pelos homens como o momento em que, de repente se apercebem que tudo é real, que existe mesmo um ser pequeno que está em franco crescimento. Além disso, não é só a futura mãe que tem receios e dúvidas. O pai interroga-se se o filho poderá vir a ter algum problema, quais os perigos do parto e o médico pode esclarecer estas e outras dúvidas.

Os enjoos e os desejos

  Fenómeno típico da gravidez, os enjoos e os desejos desaparecem à medida que o tempo passa. Pode acontecer que até o perfume do marido lhes seja desagradável e provoque vómitos, ou subitamente desejam comer morangos às 2 horas da manhã. O que fazer?

  Manter a calma. As alterações hormonais são em parte responsáveis por tudo isto, portanto não há motivos para o marido se sentir colocado em causa. Mudar de perfume e ir a uma loja de conveniência, será uma atitude prática, para que não hajam mais problemas.

  O homem pode sentir-se colocado em segundo plano e achar que tudo isto quer dizer que a mulher deixou de gostar dele, mas isso não corresponde à verdade. Algumas grávidas experimentam também um decréscimo do desejo sexual, o que piora um pouco o panorama. Este desinteresse está frequentemente relacionado com as mudanças ao nível do corpo, o que as faz sentirem-se feias e deformadas. Cabe ao marido a tarefa de lhes demonstrar que estão tanto ou mais bonitas que nunca, portanto não existem motivos para evitarem a proximidade a esse nível.

Assistir, ou não, ao parto

  Esta é uma decisão que deve partir do casal, mas também muito do próprio. É desaconselhável pressionar num ou noutro sentido, uma vez que as repercussões podem ser graves.

  Existem homens que não conseguem aguentar o momento do parto e só iriam deitar tudo a perder. Outros revelam-se uma ajuda preciosa, em termos de carinho e de apoio neste momento crucial.

  Há que referir também outro ponto: ainda que não seja muito vulgar, por vezes acontece que, por ter assistido ao momento do nascimento, o homem passe a encara a mulher de um outro modo, isto é, como mãe do seu filho e se vejam incapazes de se relacionarem sexualmente com as esposas. Esta é uma questão difícil de contornar, que pode inclusive levar a que a separação se imponha. Por isso, face a esta questão, o melhor é deixar que o seu marido resolva o que quer fazer, sem se sentir obrigado a nada.

  Mesmo à distância, no corredor da maternidade, é indiscutível que ele viverá intensamente este momento.

Repartir as tarefas

  Para ultrapassar os receios e inseguranças, nada melhor do que repartir tarefas, no que respeita a cuidar do novo elemento da família.

  Dar o banho, mudar-lhe as fraldas ou adormecê-lo, são tarefas que podem muito bem ser desempenhadas pelo pai e que permitem uns momentos de liberdade para que a mãe se possa ocupar de outras questões caseiras.

  Outro aspecto a ter em conta é que ambos necessitam de tempo para se adaptarem ao bebé e aos seus ritmos. O ritmo biológico de um bebé vai-se conhecendo pouco a pouco e não há como apressar esse conhecimento. Duas ou três semanas são em regra o suficiente. Ter boa disposição e encarar tudo de uma forma natural é fundamental para o equilíbrio emocional, tanto da mãe como do bebé.

  Há que contar com o facto de muitas mulheres se sentirem deprimidas logo após o nascimento dos filhos. Ser pai consiste em saber apoiar nestes momentos, elogiando-a e reforçando as suas qualidades de mãe. Por tudo isto, é hoje considerado que o papel do homem é tanto ou mais importante que o da mulher, no que respeita à educação e acompanhamento emocional das crianças. A presença de uma figura masculina (quer se trate de um pai biológico ou não), é um ponto de equilíbrio que deve ser levado em conta.

Ciúmes de pai

  Os homens que são pais pela primeira vez, sentem que todos os mimos e atenções são canalizados para o bebé. Embora seja algo perfeitamente natural, o certo é que ninguém gosta de ser remetido para segundo lugar, mesmo que o rival seja um filho. Perante este sentimento, é preciso ter em conta que:

- O bebé é um ser completamente dependente, portanto muitos dos carinhos estão canalizados para ele, mas não o amor, já que este não se divide, multiplica-se;

- É normal que a reacção de casal sofra altos e baixos, porque são necessárias adaptações a esta nova situação.

- A melhor maneira de ultrapassar esta fase de um modo positivo é ajudar nas tarefas, isto é, envolver-se no projecto que é algo próprio do casal e não exclusivo da mãe.
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