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Educação Sexual na Família
Outubro, 2010
Instituto de Apoio à Criança - Centro de Estudos e Documentação sobre a Infância

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  O que devo dizer ao meu filho?

  Uma das perguntas mais comuns dos pais é: "O que devem os meus filhos saber acerca da sexualidade e em que idade o devem saber?" Os pais sentem algumas vezes receio de dizer coisas demais e demasiado cedo ao seus filhos, porque pensam que os irão ferir de alguma maneira ou encorajá-los a tornarem-se sexualmente activos. A informação e a educação não encorajam os jovens a ser sexualmente activos. De facto, as crianças tomam melhores decisões sobre o sexo quando têm toda a informação que necessitam e quando não existem assuntos tabu sobre os quais não se pode conversar em casa. Estão melhor protegidos contra a gravidez e as doenças quando decidem ter sexo.

  Existe, no entanto, informação adaptada às diferentes idades das crianças. Por exemplo, uma criança de cinco anos deve saber correctamente os nomes das partes do seu corpo, incluindo os seus órgãos genitais. Não precisam de saber pormenorizadamente como o homem e a mulher crescem e se distinguem. Mas fará algum mal aos seus filhos se lhes der alguma informação sobre as diferenças entre o corpo dos homens e das mulheres? De modo nenhum. Tenha consciência que não é necessário ter sempre uma grande conversa com os seus filhos, de cada vez que lhe façam uma pergunta sobre sexo. Ouça-os com cuidado. Eles podem apenas querer a resposta para aquela pergunta e pronto. Assegure-se de que está a responder à pergunta, em vez de falar em termos gerais. Pode sempre pedir um esclarecimento, se não tem a certeza do que lhe estão a perguntar. Certifique-se que eles sabem que podem sempre fazer mais perguntas. As crianças aprendem imenso sobre relações, corpo, afecto e comunicação desde o primeiro ano de vida. É importante ajudá-los a sentirem-se bem com a sua sexualidade desde o princípio. Será mais fácil para eles fazer perguntas sobre o sexo ao longo da vida. À medida que crescem, podemos dar-lhes informações que ajudem a tomar decisões saudáveis e responsáveis sobre a sua sexualidade.

  Sugestões úteis para os pais e mães

  Seja um bom modelo.
  As crianças aprendem na maior parte da vezes através de exemplos. Dizer às crianças "Faz como te digo, não como eu faço" falha completamente. Ensine os seus filhos através do seu próprio comportamento, expectativas e mensagens.

  Encorage a auto-confiança.
  A auto-confiança ajuda as crianças a ultrapassar a pressão dos seus iguais e o elogio é a melhor maneira de ensinar a auto-confiança. Os adultos devem elogiar a honestidade, e esforço, a bondade, etc. Os mais novos precisam de saber que são capazes.

  Recorde aos seus filhos que são amados.
  Encontre as oportunidades de "apanhar" os seus filhos a fazer coisas boas. Deixar-lhes saber que se orgulha deles pode ajudar a construir a auto-estima. Os mais novos precisam de saber que são objecto de amor.

  Escute.
  Antes de responder a uma pergunta, ouça o que está a ser perguntado. Uma pergunta sobre sexo não significa necessariamente que o seu filho ou filha estão a ter actividade sexual. Não tire conclusões precipitadas.

  Seja paciente.
  Algumas crianças dirão ou pensarão que o aborrecem ou embaraçam. Em vez de os criticar, use estas situações como oportunidades de aprendizagem. Seja gentil - não ajuda a aprendizagem se se importunar, repreender ou gritar.

  Promova sentimentos positivos acerca da sexualidade.
  Os jovens que têm sentimentos positivos acerca da sexualidade e dos seus corpos são mais propensos e capazes de se protegerem das DST, gravidez indesejada e abuso sexual - e de discutir estes assuntos com os seus pais ou com adultos em quem confiem.

  Ajude-os a conquistar a capacidade de tomar decisões.
  Encoraje os seus filhos a fazer escolhas e a tomar decisões desde a mais tenra idade. Praticar com pequenas decisões como o que comer ou o que vestir prepara-os para as maiores decisões.

  Esteja sempre do lado deles.
  Os adultos devem estar sempre do lado dos seus filhos. As crianças têm de ser capazes de confiar que os seus pais sejam razoáveis, independentemente do tipo de problemas ou preocupações que eles lhes tragam.

  Assegure-lhes que são normais.
  O que as crianças mais desejam é saber que são "normais". Pode ajudá-los a compreender que é normal ser diferente.

  Os nossos valores...

  Os valores afectam o nosso comportamento e as escolhas que fazemos na vida. Enquanto os seus filhos desenvolvem capacidades de tomar decisões e definem os seus valores, é importante que seja claro acerca dos seus. Como pode partilhar os seus valores com os seus filhos sem ditar sobre o modo como vivem as suas vidas?

  Explique a diferença entre factos e crenças pessoais. Pode acreditar que as pessoas não devem ter relações sexuais até estarem casadas. É uma coisa que, apesar disso, muitas pessoas fazem. Afirmações como "Eu acredito" ou "Eu sinto" podem ajudar as crianças a compreender a diferença entre os seus valores e a informação factual, muitas vezes conflituosa que existe por aí.

  Use palavras e conceitos-chave. Por exemplo:

  - Respeito - Toda a gente, incluindo tu próprio, deve ser tratada com dignidade.

  - Consequências - Todas as acções, decisões e escolhas têm resultados positivos e negativos.

  - Responsabilidade - Se tens uma obrigação, tens de a ter em linha de conta e responder pelas tuas acções - boas ou más.

  - Honestidade - É importante dizer a verdade e ter a certeza de que se é coerente com o que se diz.

  - Auto-estima - sentirmo-nos bem connosco e com o nosso mundo é importante e é a base do auto-respeito.

  Se a religião tem um papel importante na sua vida, pode ter um papel na discussão dos seus valores. Mais uma vez lembre-se de distinguir os factos das opiniões. Deixe os seus filhos saber que é correcto discordar de alguém que tem um passado religioso diferente, mas que essa pessoa tem o direito de ter as suas próprias crenças.

  Não tem que fazer tudo sozinho. Por vezes os pais acham que é complicado introduzir o assunto dos valores em conversas sobre sexualidade. Pode ajudar falar dos seus valores com o seu companheiro ou cônjuge, conselheiro religioso ou amigo antes de falar com os seus filhos.

  Falar com os seus filhos sobre infecções sexualmente transmissíveis (IST)

  Normalmente, quando os miúdos ouvem falar acerca de infecções sexualmente transmissíveis pensam em VIH/SIDA exclusivamente. Existem, no entanto, muitas outras. O que é que o seu filho precisa de saber acerca delas?

  - As IST são transmissíveis através das relações vaginais, orais e anais, ou de outros contactos íntimos.

  - As IST podem provocar danos permanentes na saúde dos indivíduos sem mostrarem qualquer sintoma. Ninguém está imune.

  - As IST podem ter consequências perigosas e exigir cuidados médicos. A maioria, no entanto, pode ser tratada e curada com medicação. Certas IST podem ser passadas da mulher para o seu feto durante a gravidez e o nascimento.

  O VIH/SIDA pode ser um assunto particularmente sensível para os jovens. Eles ouvem muita informação e muita dela é assustadora e ameaçadora. Os jovens precisam de saber o que é a SIDA e como a evitar. Aqui seguem alguns factos básicos que pode partilhar com os seus filhos:

  - A SIDA, o Síndroma da Imunodeficiência Adquirida é o ultimo estádio da doença provocada pelo VIH.

  - A SIDA é fatal. Não existe cura.

  - O VIH não é fácil de apanhar. É transmitido através da troca de sangue, sémen ou de secreções vaginais, como nestas situações:

     . Relações sexuais sem protecção;
     . Troca de agulhas ou outros materiais para a introdução de drogas;
     . Ter nascido com ele.
     . Também pode ser transmitido a uma criança através da amamentação.

  Apanhar VIH de uma transfusão ou através de alguns procedimentos médicos é muito improvável.

  Não pode apanhar VIH através de abraços, beijos, toques, tampos de sanita ou água da piscina.

  A forma mais segura de evitar o VIH se for sexualmente activo, é praticar "sexo mais seguro".

  ...E sobre abusos sexuais

  O abuso sexual acontece sempre que a privacidade sexual de alguém é desrespeitada. Forçar alguém a ter relações sexuais chama-se violação. Mas a violação é só um dos tipos de abuso sexual.

  O toque não desejado, as carícias, a observação, a conversação ou ser forçado a olhar para os órgãos sexuais de outra pessoa, são outras formas de abuso sexual.

  Embora a maioria das pessoas que pratica o abuso sexual sejam homens, os perpetradores podem ser homens ou mulheres, mesmo os nossos amigos ou até membros da nossa família. De facto, a maior parte dos casos de abuso sexual é cometida por amigos, conhecidos ou familiares.

   O abuso sexual, a violação e o incesto são crimes graves que são punidos pela lei. No entanto, são ainda seriamente omitidos. Muitas vezes, as vítimas sentem-se demasiado embaraçadas e envergonhadas para contar o que lhes aconteceu. Sentem-se muitas vezes, ou fazem-nas sentir, que o abuso ou a violação foi culpa sua.

  Assegure-se que os seus filhos sabem que:

  - Ninguém tem, nunca, o direito de lhes tocar ou de os obrigar a fazer algo de sexual sem a sua autorização.
  - As vítimas de abuso sexual não são responsáveis pelo que lhes aconteceu.

  A ideia de abuso sexual pode confundir muito as crianças. Ensinaram-lhes a respeitar os adultos e a fazer o que os pais e outros familiares lhes dizem para fazer. Muitas crianças são obrigadas a prometer segredo do abuso sexual.

  Pode ajudar o seu filho falando abertamente sobre o que é o abuso sexual, que tem o direito de se proteger e insistindo que toda a pessoa que seja vítima de abuso sexual deve falar com um familiar em quem confie, um amigo, um professor, alguém que seja capaz de ajudar a acabar com o abuso sexual.

Fonte: Site da APF

in InfoCEDI Fevereiro 2010 nº 23
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