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Professores têm dificuldades em acolher crianças com deficiência
06-06-2010
IOL
  Os professores preferem mais autonomia a orientações específicas do Ministério da Educação para trabalhar com alunos filhos de imigrantes e dão nota negativa às condições para acolher e garantir sucesso a crianças com deficiência, segundo um inquérito nacional.

O inquérito aos professores realizado no âmbito do projecto "Estado, Escola e Diversidade", cujos resultados são apresentados na segunda-feira, em Lisboa, mostra que a escola está ainda pouco preparada para lidar com públicos diferentes, disse à agência lusa a investigadora Joana Lopes Martins, co-autora do estudo.

"Aquilo que nos parece é que em tudo aquilo que está fora de um público considerado standard não há condições na escola para garantir sucesso", afirmou, remetendo para as respostas dos professores.

O trabalho, desenvolvido por Margarida Marques e Joana Lopes Martins, da Universidade Nova de Lisboa, incidiu na percepção dos professores sobre o acolhimento dos filhos dos imigrantes nas escolas públicas, do pré-escolar ao 12.º ano, e acabou por reunir um conjunto de dados que, apesar de não constarem do inquérito base, foram sugeridos pelos docentes.

Questionados sobre as características dos alunos que maiores desafios colocam aos professores e à escola, os professores indicaram a classe social (70 por cento), a origem imigrante (39 por cento), contra 17 por cento da emigrante, e a idade (26 por cento).

Segundo Joana Lopes Martins, o facto de a classe social surgir destacada não significa que seja um desafio inultrapassável: "Não é o desafio que traz mais problemas".

Apesar de não constar no inquérito, a questão da indisciplina foi referida por dois por cento dos docentes, apresentando o sexo e as famílias desestruturadas idênticas percentagens.

A falta de educação e valores (seis por cento) e a religião (também com seis por cento), o desinteresse pelo estudo (quatro por cento) e a falta de acompanhamento familiar (três por cento) completam este quadro.

Os resultados foram apurados com as respostas de 872 professores, dos quais 78 por cento mulheres.

Cento e vinte docentes tiverem eles próprios uma experiência migratória: 45 vieram de Angola, 35 de Moçambique, 17 de França e os restantes de outros países.

Nota negativa ao Ministério da Educação

Os professores dão nota negativa às condições de trabalho para acolher e garantir sucesso a alunos portadores de deficiência, de etnia cigana, de países fora do espaço europeu dos 27, jovens a viver em instituições, filhos de ex-emigrantes de países não lusófonos e meios pobres.

Entre os factores que favorecem um bom desempenho escolar surgem em primeiro lugar os hábitos de trabalho, seguidos do acompanhamento familiar, com os dispositivos da escola remetidos a um penúltimo lugar.

O acolhimento e integração dos alunos de origem imigrante faz-se com aulas de Português-Língua Não Materna (84,4 por cento), avaliação diferenciada (33,9 por), turmas com currículos alternativos (21,7 por cento) e currículos profissionais (20 por cento).

As alterações na sala de aula identificadas pelos professores decorrem essencialmente dos níveis linguísticos diferenciados (77,8 por cento), referências culturais diferenciadas (58 por cento) e níveis distintos de preparação académica (51,3 por cento), representando os problemas comportamentais 21 por cento e o absentismo 10,7 por cento.


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