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Setembro, o mês perfeito para recordar ou isto da vida ser um eterno re-começo
Setembro, 2012
Sofia Arriaga - Psicóloga Clínica, Terapeuta Familiar e de Casal

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  Setembro é, por excelência, o mês de começar de novo, e de tudo o que isso implica.
  Saltamos do 31 de Agosto com um misto de tristeza por tudo o que estamos a deixar para trás, de saudosismo por todos os Setembros da nossa vida, de nervoso miudinho pelo que sabemos que nos está a aguardar e também com muita alegria, principalmente para os mais afoitos e de espírito aventureiro e tenaz. Ou simplesmente para os bem resolvidos da vida.

  Já não sou aluna, embora sinta que estarei sempre a aprender. Mas sou professora e para mim também começa ou recomeça tudo por esta altura. Vivo estes dias com a expectativa de saber o que aí vem, como vão ser os novos alunos, como vai ser a nossa relação, como vai estar a minha vontade de ensinar.
  E talvez porque sou professora, ou apenas porque sou pessoa, acho que se torna inevitável fazer o balanço dos dias e que as memórias do início de tudo, dos primeiros momentos de escola a sério, da primeira entrada na sala de aula, do primeiro olhar, renasçam agora em força e nos façam viajar no tempo e recordar.

  E vocês, lembram-se da vossa escola? Do início das aulas, ano após ano? Da carteira à vossa espera, do quadro negro pronto para ser novamente utilizado até à exaustão, dos apagadores e do pó do giz e das cadeiras que pareciam de madeira mas que afinal eram só imitação? Lembram-se dos cheiros? Dos passos da professora e das correrias no recreio? Dos risos e das cantilenas, da vontade e dos bocejos? Lembram-se das caras, dos nomes, dos bilhetinhos trocados ou do tímido primeiro beijo? Das réguas, das reguadas, dos medos e do respeito? Das mãos da mãe no momento do "até logo" e das mil sensações a explodirem-vos no peito. Lembram-se?
  Estas memórias podem ser felizes ou tremendamente angustiantes.

  A memória é um tesouro que deve ser partilhado. E são recordações como estas que nos fazem ser quem somos. O que escolhemos esquecer e o que escolhemos lembrar vai fazer toda a diferença na construção do nosso self – o que somos, o que fomos, o que preferimos ser e o que podemos ser num futuro ainda possível, está tudo ao alcance da nossa mão.

  E agora sou mãe e tenho os meus filhos a passarem por isto, a construirem as suas memórias, a começarem ou a re-começarem as suas histórias de vida escolar. Desde o mais velho que vai agora para o sétimo ano, à mais pequenina que vai entrar pela primeira vez no colégio.
  E o que desejo, acima de tudo, é que os meus filhos, e os vossos, entrem sem medo em mais uma etapa do seu percurso académico. Sei que alguma apreensão faz parte, mas quero acima de tudo que entrem com entusiasmo pela nova aventura que vai agora começar. Quero acima de tudo que se não souberem alguma coisa lhes digam que não é o fim do mundo; que os façam sentir únicos, com os seus talentos individuais, com o seu percurso tão próprio, com a sua energia tão especial.

  Desejo que tenham hoje e que vão tendo sempre professores que adorem ensinar e que ensinem aos seus alunos a amar a aprendizagem e o conhecimento; que compreendam que as crianças não estão sentadas em linha, à espera de se tornarem adultos e que não se pode pedir aos mais pequenos que fiquem quietinhos e com atenção mais de uma hora seguida; que saibam que as crianças trabalham muito melhor quando gostam do professor, que falar de afectos é meio caminho andado e também que as capacidades da memória se desenvolvem muito mais facilmente através do jogo, dos risos, dos abraços e beijinhos do que através da repetição mecânica e enfadonha das lições.

  Espero que cresçam cheios de conhecimentos, mas sobretudo com formação interior, com espaço no coração que lhes permita fazer face a dificuldades, a responsabilidades, aos desafios da vida.

  Desejo acima de tudo que cheguem a casa cheios de vontade de contar coisas sobre todas estas vidas e estórias entrelaçadas, que são agora mais deles do que nossas, das quais vamos fazendo cada vez menos parte.

  Espero, afinal de contas, que cresçam felizes, com memórias felizes dos dias coloridos da infância.

  E ainda que cada recomeço seja celebrado e que cada celebração seja sentida como um re-começo. Uma nova possibilidade.
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